Jornada do Feminino e Masculino com Heroi e a Heroina Ferida
- Ana Tavares
- 19 de set. de 2018
- 19 min de leitura
Olá ,
Começo por dizer que o artigo são dez paginas do word pelo que realmente é um profundo mergulho nas feridas emocionais do feminino e do masculino, espero que possa chegar ao maior número de pessoas, pois aqui reside a fonte de ódio, divisão, separação, vingança de maioria das relações.
Ao longo do artigo quando menciono masculino ou feminino, não me refiro a género e sim à polaridade da energia, ambas as energias existem em qualquer género e interagem em qualquer relacionamento, e é a polaridade dominante que cria essa interação, estas observações que escrevo neste artigo assim como em todos são baseadas na minha experiência pessoal e profissional, independente da escolha de relacionamento que tenha este artigo foi escrito com a esperança que estas observações possam ajudar a conexão consigo mesma/o.
Existe nos homens uma componente genética, uma programação para serem heróis e protegerem a vitima/donzela indefesa, o feminino, esta dinâmica começa muito cedo dentro de casa, através do que a criança sente como o relacionamento do pai e com a mãe, vice-versa.
Uma criança que cresce observar a mãe a ser magoada, ferida emocionalmente e/ou fisicamente, solitária, com raiva, deprimida o seu instinto é resgatá-la, é a sua natureza interior, mas para que este instinto de herói se manifeste existe um vilão/agressor e neste caso o pai/educador.
O que acontece é que quando a criança se insurge para proteger a mãe e as vezes até os irmãos, a criança rapidamente vai ser impedida pelo pai, onde vai perceber pela primeira vez que é impotente para proteger a sua mãe e/ou resgatá-la, as vezes esta situação pode até ocorrer com um dos progenitores em que ocorreu um divórcio, separação, abandono e o progenitor com que a criança normalmente fica é a mãe, ou no pai, e esta como forma inconsciente, exerce poder sobre a criança aplicando violência verbal e/ou física, ensinado desde cedo à criança que está não tem como se proteger.
Neste exemplos, a criança que não consegui proteger a mãe e/ou os irmãos ou a si mesma, vai viver o resto da sua vida, a menos que entre num processo auto-consciência das suas feridas emocionais, ferida na sua polaridade masculina, no primeiro exemplo a criança atribui a culpa ao pai/educador por magoar a sua mãe e/ou irmãos, mas no segundo exemplo é logo diretamente aplicado sobre seu polo masculino, em ambos os casos existe um herói a querer resgatar e um vilão que causa a dor.
Aplico ambos os exemplos porque como todos nós temos ambas as polaridades a força, trauma e o caos destas feridas emocionais, podem ser aplicados quer por um homem, quer por uma mulher, mudam apenas as circunstâncias e a forma como essa experiência decorreu, porque indepente do género a polaridade masculina faz-se presente.
Ora esta criança que viveu esta experiência, virou um herói impotente, que não conseguiu proteger a sua donzela/vitima do perigo, a culpa é projetada no masculino, mas também existe uma culpa assumida pelo seu fracasso, pela sua impotência face a experiência que viveu.
Esta experiência que pode ser vivida das mais diversas formas, onde o masculino de uma criança é magoado, moldou para sempre as suas experiências ao nível dos relacionamentos, porque esta criança já vai para o mundo a sentir-se culpada da sua polaridade masculina, no caso dos homens eles já crescem com a crença que os homens magoam as mulheres, acreditam que seu papel é resgatar as mulheres da sua vida que estão em perigo, estes homens vão viver a experiência da culpa e impotência repetidamente das mais diversas formas.
Se for uma mulher que tenha sofrido abuso emocional e/ou físico na infância, seja da parte do Pai ou da sua Mãe, irá repetir também este padrão, o que muda é a forma como cada pessoa a expressa na prática.
Este Heroi impotente à medida que a criança cresce vira um inquisidor de serviço, um juiz interior que julga, critica a si mesmo/a e aos demais assim como mascaras para conseguir relacionar-se com as outras pessoas.
Num mundo dito perfeito e consciente, a criança iria nascer num lar cujo ambos os Pais tinha a consciência que é preciso criar um espaço emocional, físico e psíquico seguro, para que a criança cresça de forma saudável, equilibrada e amorosa, que seu crescimento precisa de ser protegido, nutrido.
Ora isto numa estrutura de parentalidade consciente ideal, seria cada um dos progenitores e educadores, terem consciência das necessidades de cada criança a partir do momento da pré-concepção, concepção, gravidez e os seus primeiros 7 anos de existência pelo menos.
Mas vivemos no planeta Terra, onde a evolução está sempre a decorrer, onde o mundo não é perfeito, nem nós, esta escola da vida onde as relações são a Universidade da consciência, onde existem feridas emocionais que são inevitáveis no processo de evolução que acontece com cada criança.
Porque escolhi de tantas feridas emocionais esta do arquétipo do herói e da heróina ferida, porque os seus danos são muito grandes, em que o protetor interno fica totalmente distorcido e vira o inquisidor de serviço, um juiz interior que gera pensamentos de julgamento, critica, divisão, caos, separação, auto-sabotagem, ódio dentro de cada um de nós, e que até que cada um dê conta dessa parte da sua personalidade e a possa curar, vai continuar a existir caos nas relações, desequilíbrio, desamor e feridas emocionais a serem perpetuadas, porque esta ferida será expressa pela projeção nos outros ao longo das gerações.
Um criança que tenha essa parte protetora danificada, não é só a sua segurança física e emocional que ficou abalada na sua estrutura, essa criança cujo a proteção -masculino / salvador – não pode exercer a sua função da sua segurança e proteção, aprende desde muito cedo a ter de ir em busca da aceitação dos outros, da validação e a evitar a todo o custo todo e qualquer forma de rejeição e punição.
A criança a medida que cresce no seu processo natural de auto conhecimento das suas emoções, vai expressar a frustração, raiva como sabe ou como o impulso se movimenta sem conexão de bem ou mal, mas o que acontece é que isto é inaceitável para seu pais e/ou cuidadores, então a criança é automaticamente julgada, e rejeitada pelo seu comportamento, a ferida da rejeição ficou aberta, o seu comportamento a partir desse momento já é condicionado, uma mascara será adoptada para ser aceite da próxima vez que desejar expressar essas emoções.
Na realidade todas as crianças, não são tratadas de igual valor aos adultos , sugiro que leiam mais sobre este tema no livro da Mickael Oven sobre a parentalidade consciente, continuando, na realidade as crianças são educadas segundo as crenças, valores e as feridas emocionais dos seus progenitores/educadores onde são ensinadas como Ser bom, como ganhar dinheiro, como tratar os outros, como respeitar outros, como merecer amor , e pelo caminho aprender a evitar rejeição, a culpa e a punição.
A punição, castigo seja verbal e/ou físico, é quando se dá a ferida no feminino interior, quando a criança toma consciência do eu em perigo, quando sente desprotegida face a vulnerabilidade emocional e/ou física, quando a “ donzela” interior sente o perigo, mas a ferida não fica por aqui, porque ela despoleta ao mesmo tempo a do masculino interior, que deveria ter vindo exercer a proteção e o resgatar desse perigo, aqui o feminino aprende que nunca mais pode confiar no masculino interior e exterior, masculino cria a ferida da culpa e da impotência.
Exemplo :
A criança expressa a sua frustração afirmando : “ Eu odeio-te, tu és mau !” ou " Não gosto mais de ti, deixa-me “ neste momento difícil que a criança está a expressar seu desagrado, frustração e raiva face a algo que está a decorrer, os progenitores/ educadores vão agir contra esta explosão, ela não é permitida, este é um momento crucial, onde a criança ao ser subjugada emocionalmente cresce com ideia que não pode expressar-se livremente, que deve ser obediente senão não é amada e aceite.
Ora a criança desde muito cedo percebe que é impotente para ser o seu herói interior, porque ela não é capaz de parar os abusos emocionais e/ou físicos a que está sujeita, ela aprende que não pode expressar-se livremente então a sua segurança e proteção – energia masculina – as suas emoções e criatividade – energia feminina- não podem ser livres, como todos temos a necessidade de sentir-nos amados e aceites, a criança depressa adota estratégias a que chamamos mascaras com objetivo de proteger-se da rejeição e abusos, ela aprende aqui que é inadequada, esta sensação de inadequação irá acompanhá-la a vida toda, caso não tome consciência das suas feridas emocionais, assim como as máscaras que adoptou para ser amada e aceite.
A criança associa que sentir é errado, o seu herói vira juiz e inquisidor de serviço, onde a energia masculina sente uma profunda impotência face a vida, este juíz interior é o perpetuador das criticas, julgamento, rejeição, desamor, ódio, vingança, esta criança cresce, e a sua criança interior porque não teve oportunidade de expressar a dor emocional, as emoções, a impotência, a revolta e a culpa gera uma continuação da critica e rejeição dos pais mas através das suas relações com as outras pessoas que se cruzam no seu caminho.
Neste jogo inconsciente do qual todos fazemos parte, a criança como não tem essa oportunidade para expressar a sua polaridade feminina ferida, das feridas julgamento, vergonha e humilhação, sofre da parte do seu masculino interior através do seu juiz interior e inquisidor a rejeição, onde o masculino interior não abre espaço a que esta se vulnerabilize, assegurando assim que não tem viver a sua ferida da impotência e da culpa.
Exemplos de dialogo interior do masculino interior para feminino interior :
“ Não chores não lhes dês esse gosto “
“ Não chores, és um bebé chorão que não é capaz de nada “
“ És mesmo estupida/o achas que alguém se importa que chores “
“ Achas que essa roupa te fica bem, pareces um/a anormal”
“ Achas que és mesmo capaz de tirar boas notas, não és assim tão bom/boa”
" Achas mesmo que gostam de ti "
Aqui o masculino interior que deveria ter desenvolvido as suas características de proteção e segurança interior, face aos choques de desamor, rejeição, e restantes feridas emocionais, depressa se torna num juiz interior, um inquisidor altivo, onde o masculino ferido sofreu com a impotência, foi impedido de exercer seu papel de proteger seu feminino interior e aqui começa a guerra interior entre o masculino e feminino, para uma sobrevivência de apenas um, que embora possa parecer física, no caso onde as doenças são manifestas, ela é apenas emocional buscando amor, aceitação e reconhecimento que não existe nada errado consigo, só quando não mais suportada é que vai ao corpo físico.
Claro que tudo isto tarde ou cedo vai interferir na forma como nos relacionamos com outros, a criança torna-se um adulto cujo as feridas emocionais foram crescendo, então tornamo-nos adultos a acreditar que não é seguro exprimir as nossas emoções, porque temos medo da critica e da rejeição, isto porque o juiz interior através das suas criticas, julgamentos e suposições, que anda sempre de chicote na mão, cria cenários imaginários, suposições onde assume que o outro irá descobrir as suas feridas emocionais, então usa as estratégias que aprendeu em criança para obter amor, aceitação e reconhecimento, todas as estratégias são válidas para manter um relacionamento pois o medo de não merecer é muito grande.
No caso dos Homens ou as mulheres com energia masculina exacerbada, atuam com os seguintes arquétipos que os movem nestas feridas quando entram num relacionamento romântico, onde vão carregados de culpa e impotência eles adoptam o Rebelde, o Salvador como forma de relacionar com o feminino, sugiro este artigo que escrevi sobre o Animus.
O Rebelde é muito independente, ele criou a crença de que se não depender emocionalmente, financeiramente de nada nem ninguém nunca poderá ser magoado, não poderá a voltar a ser intimidado com seus medos, rejeição, quando em relacionamento este arquétipo cria uma distância emocional, como uma barreira de segurança, quando o homem vive este papel é normalmente acusado pelas mulheres de ser emocionalmente imaturo, não estar pronto para assumir compromissos, não estar pronto para ser pai, na realidade estas mulheres que atraem este tipo de homem na realidade tem o mesmo padrão, também elas estão emocionalmente indisponíveis para e na realidade, quando se atraíram foi por isso ambos achavam ser um lugar seguro para todos .
O Salvador quando em relação oferece ao parceiro segurança no alivio da sua mágoa e medo, desse carcereiro que é o juiz interior, ele cria uma sensação de falsa defesa, confiança onde demonstra que deseja “salvar” o outro, onde as promessas são frequentes, nomeadamente a de outro não voltar a sentir medo, mágoa ou impotência, se deste lado existe este padrão, do outro existe um feminino profundamente ferido, pela lei da atração e vibração eles atraiem-se para reviver a experiência, que durante uns tempos resulta muito bem, pois é possível manter as estratégias adquiridas na infância, com a convivência ambos começam a perceber os “defeitos”, as “ falhas” e ambos voltam a expor-se as suas feridas emocionais.
Como em nenhuma das situações os envolvidos não tem a consciência que são as mágoas do passado, a rejeição, a impotência e o choque desamor que os move, que a angústia interior é criada por esse juiz interior e as suas criticas, julgamentos e suposições na repetição de tudo a relação vira um caos.
Se desejarmos realmente curar as dores emocionais, precisamos compreender que o salvador não existe for de nós, que a auto-sabotagem da cura deste processo é assumir o papel de vítima e permanecer aí, a viver a dor da impotência que na realidade sentiu na infância e esta foi só uma expressão dessa mesma dor, assumir o papel de adulto consciente, de cuidador e curador de si é reivindicar o tal do poder pessoal em com Amor resgata o seu salvador interior, cura o seu masculino ferido.
Existe aqui também uma versão que nas últimas gerações cada vez mais que é comum, o Homem com muita energia feminina, estes por norma foram criados por mãe divorciadas, mãe solteiras ou foram abandonados pelos progenitores/pai, estes meninos cresceram a desejar resgatar as suas mães do sofrimento emocional, aprenderam seu maneirismo como forma de relacionar com as suas emoções, são aqueles que já acreditam em igualdade, mas as suas feridas femininas e masculinas estão lá, ele adotou esta postura porque não consegue lidar com a sua culpa e impotência do masculino ferido que não salvou a sua mãe.
Isto também pode ser vivenciado por uma mulher, mas aqui será de forma diferente onde ela adota a postura do masculino ferido, mas exacerbado, a sua ferida será no feminino interior, o objetivo de adoptar essa postura masculina, que será um animus em desequilíbrio, ver artigo aqui, é nunca mais ser magoada, nunca mais sentir impotência face a rejeição, face inadequação, face a punição, face ao abandono, face a humilhação.
Quantos relacionamentos teremos nós de empreender para despertar para as nossas feridas emocionais ?
Existem pessoas que “fugiram” dos relacionamentos românticos de uma forma consciente ou inconsciente, com objetivo de proteger-se destas dinâmicas, acreditando que ao esconder o seu medo, libertavam da vivência destas feridas emocionais e o que acontece é que acabam por ir vivenciar nas amizades, nas parcerias, na profissão, no dinheiro, na saúde, enfim a dinâmica de auto descoberta, auto cura e evolução nunca é interrompida, essa é uma ilusão do ego ferido que acha que pode controlar tudo desde as emoções à vida.
As mulheres tem as mesmas inseguranças, tem um juiz interior igual em que a inadequação à muito que está instalada sobre seus defeitos, muitas mulheres cresceram acreditar que só sobreviveriam financeiramente através de um homem, cresceram a ver a sua mãe magoada, solitária e zangada, cresceram na tristeza, nessa mágoa associando a culpa e a dor emocional desse masculino ausente.
Por exemplo :
Uma criança que foi criada por uma família cuja mãe é única fonte de rendimento por divórcio, separação, mãe solteira ou abandono, trabalha o dia todo e é capaz de repetidamente dizer a sua filha ou filho :
“ A culpa é do teu Pai eu tenho fazer tudo sozinha “
" Achas que o dinheiro cresce nas arvores, és como teu Pai "
Ou num cenário em que o Pai vai trabalhar mas é a mãe fica em casa a cuidar das crianças :
“ O teu Pai passa dia todo fora de casa e não me ajuda com nada “
Ou noutros cenários, onde as crenças vão dar a culpa do masculino pela dor emocional, onde o provedor é homem, mas onde o pai na realidade é o desconhecido da família.
Acordos Interiores
Vou ainda falar-vos de algo muito importante nesta jornada da criança face as choques emocionais,, que são os acordos interiores, estes acordos interiores que fazemos em criança e ao longo da vida connosco mesmos, condicionam tudo, as relações, a saúde, a profissão, dinheiro, as amizades, filhos tudo e já vão perceber como.
Neste Jornada do Herói Ferido e da Heroína ferida, as mulheres por norma tem medo de perder companheiro e os homens de serem expostos à sua impotência, o que faz com que as relações emocionais entre ambos, só possam dar em desequilíbrio, caos, em jogos de poder, em vingança, porque existem muitas feridas emocionais, muitos acordos interiores implícitos que nenhuma das partes tem consciência, e quem diz relação amorosa, diz amizade, pais e filhos.
Que acordos interiores são esses, eles têm haver com situações que vivemos e fizemos a nós mesmos promessas enquanto crianças, mas também são feito com base nas crenças dessas feridas emocionais e choques desamor que vivemos, e tudo isso é trazido para a forma como nos relacionamos com mundo exterior.
Quando a criança viveu choques de desamor muito intensos, onde foi levada acreditar que não é digna de amor, quando em adulta/o entra numa relação ela acha que o fato de ter encontrado alguém já é uma sorte, isso influência a sua auto-estima e valorização pessoal, seu amor próprio, muitas vezes atrai relações abusivas verbal e fisicamente, à semelhança do que ocorreu na infância, mas para agora enquanto adulta/o responsável por si mesmo por um término a esse jogo de sofrimento e dor, mas sente-se incapaz pois seu ego ferido que virou um juiz interior faz questão de lhe relembrar a sua impotência, a sua incapacidade de defender-se, de expressar as suas necessidades, emoções.
Só que na realidade sem ter consciência essa criança que não conhece outro jogo de brincar ao amor, ficou viciada num jogo sado masoquista, onde ela própria está viciada na dor, onde ela acredita que uma parte de si mesma é aquilo, e é tudo que merece porque, afinal na sua infância foi levada inúmeras vezes acreditar nisso, o simples fato de estar numa relação para ela já é uma vitória, porque como não se sente digna de ser amada.
Conseguem perceber até que ponto a deturpação do nosso ego/ eu inferior ferido, cria deturpações na realidade que cada um vive ?
Quando nascemos já somos incluídos numa família, com as suas próprias crenças familiares, religiosas, politicas, e a criança vai aderir a todas elas em uma determinada fase da sua vida, porque como só conhece aquela realidade aceita aquilo como verdade, vai aprender com os adultos.
A medida que cresce a criança deveria e deve criar a sua individualidade, questionar as crenças da sua família, os valores, bem como os da sociedade onde vive, só que à medida que a criança cresce de cada vez que questiona tudo isso, gera conflito que pode ser verbal ou pode ser verbal e físico, depressa a criança aprende a calar a sua individualidade, começa a compartimentar a informação e as emoções, só com objetivo de evitar o conflito e a punição.
Todos nós fomos educados com marcadores de sucesso, de expetativas, de comportamento e o sair dessa linha que fora traçada pela nossa família, significava ser excluído, não ser amado, não ser aceite, então quantos de nós ficaram calados, quietos apenas para poder sentirem-se amados nesse amor condicionado, as crenças e valores da família onde nasceu ?
Gosto sempre de frisar isto mais do que uma vez, a família onde fomos inseridos foi uma escolha da Alma, é a família que nos permitia limpar o nosso Karma e também fazer a melhor evolução na direção do nosso propósito, então não existe aqui vitimas e culpados, existem aprendizagens e evoluções, claro que existem algumas profundamente atrozes com níveis de sofrimento muito profundos, mas por algum motivo essa Alma escolheu essa experiência, ainda que ela e todos nós não possamos compreender o plano maior, esta consciência serve para possamos interromper ciclos de vingança e ódio, que aumenta a guerra e prolongam karma individual e coletivo.
Continuando, quando vamos para um relacionamento seja ele qual for com toda uma bagagem emocional, com estratégias, com crenças, com máscaras, com feridas emocionais, com acordos interiores, muitos poucos de nós tem consciência disso, e vivemos apenas para reagir ao que nos acontece em cada momento, como sendo a verdade, aqueles que não explorarem para além dessa verdade que se apresenta, continuaram a perpetuar padrões de dor e sofrimento em si e nos outros.
Só através de um despertar consciente, da auto observação e do auto conhecimento das feridas emocionais que nos movem, das estratégias e mascaras criadas, dos acordos silenciosos, podemos interromper esse ciclo de sofrimento e dor, sabendo de antemão que não somos isso, que tudo isso foi uma experiência que vivemos mas que deixou marcas profundas que agora cabe a nós acolher, amar e curar.
A minha experiência enquanto terapeuta, é quando um casal pede ajuda, é fazer um trabalho individual, onde cada um possa expressar as suas emoções, onde cada um perceber qual as suas feridas emocionais e como é que o outro esta a projetar isso de si, porque não adianta trabalhar um casal se cada um não tiver consciência do que precisa ser curado em si, tarde ao cedo as feridas surgem de novo, podem não ser da mesma forma exata mas com o mesmo padrão implícito, com as mesmas feridas emocionais escondidas.
Todos temos o mesmos desejo ser amados, podermos ser autênticos nas relações e fazer isso sem medo da rejeição, punição ou abandono, mas para isso é preciso a consciência de onde vem as feridas emocionais, as crenças, os acordos.
É possível mover-nos nesta direção, se tivermos a coragem e desejarmos sair deste ciclo vicioso de sado masoquismo de dor e sofrimento, mas para isso precisamos ouvir essas vozes interiores, esse juiz interior, essa criança ferida que precisa expressar suas mágoas, suas dores, esses acordos, é preciso escolher as crenças que não servem a nossa verdade interior, é preciso o adulto auto recriar-se, nessa auto cura de si mesma/o aprender a nutrir-se em amor e alegria a si mesma/o e à sua vida, livre dos julgamentos alheios, das opiniões alheias.
Saímos de um relacionamento para outro, seja ele amoroso, amizade ou profissional a procura de ser diferente, de encontrar a tal salvação e cura, onde vamos apenas repetir padrões, onde vamos ao fim de algum tempo sentir a dor e sofrimento emocional, que está guardado nos porões do nosso inconsciente, então eu acredito que quando a pessoa para, sente e observa que é preciso mover-se para a auto-cura.
Se a pessoa esta sozinha naquele momento vai sentir necessidade de ficar, de perceber mais além, de fazer um trabalho anterior para atrair alguém diferente, mas quando em relação de casal, é preciso um ponto zero, onde cada membro do casal assume a responsabilidade de auto-cura de si mesmo, de auto conhecimento, auto observação, mas que em relação dão sustentação amorosa ao outro para que possam ambos evoluir individualmente e em relação, partilhando e cooperando ao longo do processo, sim isto é possível, não é utopia, já vi inúmeros casais fazer, ainda esta semana no instagram vi um post de um Homem neste sentido, foi maravilhoso ver como as camadas da geração anterior a minha, já tem pessoas a mover-se nesta direção.
Então os Homens precisam ir mergulhar nas suas feridas emocionais, recuperar a sua natureza masculina, aprender novamente a confiar em si mesmos e no feminino, a sentir a honrar a beleza, vulnerabilidade e a sensibilidade do feminino em si e na mulher, sabendo que um homem para ter uma mulher na sua vida tem tocar seu coração e Alma.
E feminino tem ir mergulhar nas suas feridas emocionais, recuperar a sua sensibilidade, criatividade, tem curar seu masculino ferido e aprender a proteger-se a si mesma, a sentir-se segura no seu corpo, na sua vida, nas suas escolhas e a confiar no homem.
Os homens que já sentem essa mudança em si, que estão nesse processo de auto descoberta de si mesmos, de auto cura já escolhem a companhia das mulheres em deterimento de homens excessivamente masculinizados, porque estes homens já não renegam a sua sensibilidade feminina, já aprenderam a expressar as suas emoções, a ouvir a sua intuição e a sua mulher, a sua filha e já estabeleceram novamente essa ligação com as mulheres que o rodeiam.
Estamos a sair dos padrões do prazer sexual, esta nova consciência pede conexão, pede mudança, pede que cada um descubra a sua individualidade e juntos caminhem como “iguais”, a partir desse equilíbrio interior.
A questão é que existe uma crença do ego em que ninguém se quer render a ninguém, ninguém precisa de ninguém e nestas crenças de separação e divisão não é possível a cura, caminhar juntos, cooperar ou partilhar, no entanto a Cura Emocional está disponível para todos.
Quando descobrimos que fomos programados de determinada maneira, que nosso juiz interior comanda a nossa vida, mas que a sua verdade não é real, quando descobrimos que somos programados para acreditar na culpa, na impotência, na inadequação, quando percebemos que todo o programa que rege as nossas vidas é uma mentira e que a nossa natureza é o Amor, a partir desse dia paramos, observamos e começamos a não deixar que o medo e a dúvida que geriram a nossa vida sejam mais patrões das nossas vidas.
É preciso coragem para dizer chega, é preciso dizer basta a esse juiz interior e perceber que o julgamento e a critica está dentro de nós, é preciso estar preparado para amar e aceitar-nos a nós próprios e aos demais.
Quando nos movemos nesta direção, saímos da vitima indefesa, assumimos o comando das nossas vidas, aprendemos a confiar na ordem divina de todas as coisas, a manter o coração aberto, vamos reapaixonar por nós próprios, pela vida, sabemos que o verdadeiro poder reside no auto-conhecimento e amor próprio.
E à medida que a aceitação é integrada dentro de nós, que o amor expande, aprendemos a não ter medo de sentir, de expor as nossas emoções, aprendemos a pensar por nós, a seguir a nossa intuição, não temos medo de ir a conquista dos nossos sonhos, somos livres, perdemos o medo da rejeição porque deixamos de nos rejeitar, perdemos medo da humilhação porque aprendemos a proteger-nos, deixamos de ter medo do abandono porque sabemos que somos um porto seguro, aprendemos a confiar na autoridade interior que é guiada pela sensibilidade, passamos a ser auto expressão da nossa essência.
O engano está em que o ego acredita que a rendição é humilhação, ele acredita que render-se ao feminino é fraqueza, e de ilusão em ilusão o ego dá sustentação a uma verdade baseada nas feridas emocionais da infância, não há verdade alinhada com essência da Alma.
Quando nos permitimos curar o masculino e o feminino ferido, nosso masculino se abre ao feminino podemos observar a beleza de todas as coisas, a autoridade foi resgatada , feminino e o masculino são companheiros na direção dos vários aspectos da criação, tem a consciência que são um reflexo um do outro.
Quando o masculino ferido é resgatado e amado ele ama o feminino percebendo o quanto ele é divino em sua criação, a expressão da criatividade é celebrada, masculino curado sente-se pronto para ser assertivo focado, a segurança interior foi restabelecida.
E posto isto minhas Queridas e Queridos é preciso realmente muita coragem para nos auto questionar, é preciso mesmo muita coragem para querer ir além de tudo, é preciso muito amor para querer mergulhar nessa imensidão da escuridão onde nos escondemos de nós próprios, o tal do lodo emocional que tanto falo nos meus textos.
Coloquem-se todas as questões sem medo, porque é para aqui que nos dirigimos para esta consciência das feridas emocionais.
Mas onde é que as crianças são ensinadas a amar a si mesmas ?
A respeitar a si mesmas ?
A expressar as suas emoções sem conotação boas ou más, na linguagem adulto negativa ou positiva?
Onde é que a criança é ensinada a liberdade da sua auto-expressão ?
Quando aprendeste que não podias expressar as tuas emoções senão não eras amada/o?
Não tenham medo de fazer as perguntas certas pois elas contém a chave da liberdade na direção do amor próprio, aconselho vivamente a tomarem Florais pois eles dão muita sustentação a todo o processo de cura .
Aproveito para informar que vou fazer um detox das Redes Sociais, é preciso muito estado de presença para atingir nossos objetivos individuais, para nos doarmos a nós e aos que amamos, por aqui iniciaram-se novas etapas para cada membro da família, eu vou regressar aos estudos lentamente e tudo isso exige realmente estado de presença.
Gostaria muito até de lançar o desafio de pelo menos uns dias estarem desligados do mundo digital, e anotem o que isso vos trouxe em termos de tempo, em termos de conexão com vocês, com os que amam, o tempo que ganharam para dar asas a criatividade, contem-me tudo adoro os vossos feedback e partilhas.
O artigo da Lua Cheia sai amanhã, confesso que está muita coisa escrita terei muito pouco acrescentar sobre o tema, os artigos são agendados aqui no site que tem essa opção maravilhosa que me ajuda imenso a organizar e ainda me permite partilhar diretamente no facebook, depois uso uma outra também muito boa a panoly que é um planes para instagram, assim apesar da minha ausência está tudo programado para sair no tempo certo de poder receber a informação.
Deixo-Vos um abraço profundo, alguma questão ou partilha podem usar mail, desejo coração que possam através deste artigo e da Lua obter uma maior compreensão sobre a forma como somos condicionados a expressão maior do nosso Ser, que possamos curar-nos destas ilusões e mover-nos juntos na direção do Amor.
Com Amor,
Ana Tavares

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