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Matriz da Luxúria

  • Foto do escritor: Ana Tavares
    Ana Tavares
  • 28 de jul. de 2017
  • 7 min de leitura

A Matriz do Eu inferior ligada à luxúria é a energia sexual, onde está como fonte de sustentação mas contaminada de ódio e medo, seja de si mesmo seja dos demais.


Esta energia pode manifestar-se de inúmeras maneiras. Quando manifesta num grau muito subtil ser impercetível ao próprio, tornando-se assim impossível de identificar, porque as suas formas de manifestação já fazem parte da auto imagem da pessoa.


Quando as manifestações ocorrem, a pessoa pode nem pensar em sexo, no entanto, usa o seu poder sedutor sobre quem a rodeia como forma de obter atenção, dado que aprendeu, quando criança, que teria de seduzir o pai, a mãe ou ambos como forma de receber amor e atenção.


Esta Matriz é profunda, e precisamos compreender que é mais do que uma mera sedução ou sensualidade. Existe uma distorção das emoções através da qual a sedução é usada para obter poder sobre o outro. Na verdade, quanto mais cedo houver esta necessidade instalada, mais cedo ela começa a fazer parte da pessoa. Torna-se num automatismo intrínseco à pessoa, sendo que esta não percebe que está a ser movida pela luxúria. E continua, pela vida fora, a seduzir a mulher, o homem, a empregada/o, enfim, quem estiver no seu raio de alcance. Usa a sedução como forma de agradar a todos.


Depois, nesta Matriz, existem duas formas de actuar: uma em que existe o desejo de controlar o outro; outra em que há o desejo de agradar a todos. Em ambos os casos o propósito é o mesmo: a necessidade de ser aceite, valorizado, reconhecido, o que na realidade é a necessidade de ser amado.


Às vezes conhecemos determinadas pessoas e sentimos um impulso, e a energia move-se na direcção dessa pessoa, porque ela reúne uma série de características que preenchem as nossas medidas. Começa o jogo da sedução, em que alimentamos a ilusão de que somos amados, de que existe o preenchimento do vazio emocional interno. E durante algum tempo o jogo entre ambos funciona, até ao momento em que as feridas emocionais de cada um emergem e ficam à superfície emergindo o jogo de ilusão de ser amado em desequilíbrio como uma forma de mostrar-nos onde o outro é o espelho do nosso vazio emocional, da nossa auto-exigência ou da nossa superficialidade no mergulhar das nossas próprias emoções.


Mas este jogo é ainda mais profundo, porque existe uma vampirização de energia, em que a parte sexual tem especial importância, dado que esse acto, quando inconsciente, alimenta momentaneamente o vazio emocional. Joga-se então um jogo perverso em que o principal problema é a falta de consciência que temos de nós mesmos, o nosso vazio emocional, as nossas feridas emocionais e as máscaras com que actuamos para conseguirmos suprimir esse vazio e não enfrentar a dor emocional que todos carregamos dentro de nós.


A Matriz da Luxúria existe na co-dependência emocional, com a necessidade de controlar o outro para que você se sinta seguro, onde a necessidade do companheiro é minimizada ou mesmo nula e o que importa é que você se sinta superior. Isto leva ao jogo das acusações e/ou comparações em que, quando olhamos para o outro, só observamos os seus defeitos. O outro é apenas um poço de defeitos e nós somos os juízes castradores para que, por momentos, possamos sentir a superioridade de ter poder sobre a situação e sobre o outro. E assim existe um falso preenchimento do vazio emocional que habita dentro de nós .


É muito importante frisar que todos nós trazemos esta Matriz da luxúria, embora ela seja mais forte nalgumas pessoas que, quando tomam consciência de como ela actua no seu sistema interno, podem fazer transformações profundas em si.


Qual é a necessidade de dominar o outro?


Na realidade, quem tem esta matriz tem medo do Amor, o que parece uma grande contradição. Afinal de contas, todos os seres buscam o amor. A pessoa que tem esta matriz muito forte tem um grande desejo de ser amada, de ter um companheiro com a cumplicidade seja natural e fluída. Mas na realidade, no seus sistema operativo inconsciente, tem registos onde no fundo tem medo de entregar-se ao amor, de estar com outro em profunda intimidade. Receia revelar seu verdadeiro eu com medo de não ser amada .


Ora, à medida que a relação se desenrola, a pessoa que tem a Matriz mais profunda na relação vai exercendo o seu poder e domínio, colocando todas as artimanhas ao serviço disso, o que pode fazer através do dinheiro, com ofertas materiais, e da manipulação emocional. Quando existe algum desequilíbrio na relação, dá-se um confronto em o outro é exposto para evitar a todo o custo a revelação das suas fragilidades.


E é aqui, neste ponto, que ficamos presos à ilusão, porque a revelação da fragilidade doadora, sem medo, é o que mantém acesa a chama erótica. Este é o verdadeiro combustível para a intimidade e força criativa. Perdemo-nos quando a relação entra num ponto em que nos pede para sairmos da co-dependência e do inconsciente, para podermos revelar as nossas fragilidades. É aqui que o desejo de fuga é activado e queremos sair do relacionamento para não expormos as partes secretas que nos habitam, com medo de sermos rejeitados, abandonados ou humilhados.


Como é que fugimos do relacionamento?


Isso já depende das feridas emocionais de cada um e das suas matrizes. Mas pode ser pela fuga para outro relacionamento através da traição, pode ser pela parte financeira na compra de algo, pode ser pelo confronto com o outro expondo permanentemente as suas feridas para não ter hipótese de reagir. Na realidade, queremos fugir e vamos encontrar inúmeras formas de o fazer, como se pudéssemos passar por cima dessa parte da vida sem a revelar. Lamento, mas não é possível. A verdade é que essa parte da fragilização tem um potencial enorme, porque permite-nos superar o medo de estar nessa intimidade connosco; sair da obstinação de ter, querer e adquirir como forma de suprimir; e liberta-nos da matriz do orgulho que impede o coração de abrir .


Há muito que nos fechamos aos outros. Alguns de nós já nascemos fechados ao amor, e vamos pela vida fora em busca de outra pessoa que nos devolva essa parte de nós que está esquecida dentro de nós. Fomos criando máscaras para nos defendermos dessas partes de forma a que nunca sejam reveladas. Fomos mesmo aumentado o vazio emocional. E outro, coitado, com as suas feridas emocionais, vai devolver-nos aquilo ao nível do qual vibramos. Logo, não irá suprir essa necessidade de amor.


Dentro de cada um de nós existem inúmeros "Eu" à espera de serem ouvidos com todo o Amor. Quando dermos ouvidos aos que dão sustentação à luxúria, vamos perceber a enormidade da nossa carência emocional, o tamanho do vazio que criámos dentro de nós. E os audazes que tiverem a coragem de aprofundar irão descobrir a matriz da vingança com a qual estão comprometidos.


Neste jogo não há vítimas e predadores, porque todos fazem parte do jogo até que tomem profunda consciência de si mesmos. Mesmo quando conseguirem observar essas partes de si, quando conseguirem ver o tamanho da sua dor emocional, tudo que vão sentir pelos outros é compaixão. Acabou a necessidade de alimentar esses jogos, porque sabe que a dor do outro é tão ou mais profunda do que a sua.


A Matriz da luxúria bloqueia a capacidade de AMAR, porque se alimenta de ódio e de medo, que estão sempre a operar no nosso sistema interior, garantido e bloqueando a possibilidade de amarmos verdadeiramente, primeiro a nós mesmos e depois os demais.


Será tens consciência do ódio que tens de ti?

Será que tens consciência da raiva que sentes de ti?

Será que tens consciência do teu vazio emocional?

Será que tens consciência de como projectas isso em cima dos filhos? Companheiros? Colegas de trabalho? Figuras de Autoridade? E afins?


Porque, enquanto houver pontos de ódio e de medo no relacionamento connosco e com outros, estamos no caminho da auto-destruição interior.


É preciso ter consciência de como tudo isto opera em nós, e ir harmonizando essa energia. Para isso é preciso parar de fugir. É preciso estarmos dentro dela, senti-la dentro de nós, como ela opera na relação connosco e com outros.


Será que precisamos mesmo de continuar a atrair relações à nossa vida que geram o caos e a discórdia para aprendermos sobre tudo isto? Ou será que é mais fácil assumirmos o compromisso de procurarmos dentro de nós os desequilíbrios, as feridas emocionais e as nossas matrizes, de forma a libertarmo-nos destes jogos de manipulação emocional, que geram cada vez mais vazios e destruição, para podermos passar a viver de uma forma mais autêntica e espontânea?


A escolha e a responsabilidade de sairmos destes jogos são nossas. Cabe-nos querermos saber quem somos, qual é o vazio emocional, quanto é o amor que temos por nós mesmos, e muito mais. O caminho é interior e não exterior.


Tudo o que temos na vida reflecte apenas, e só, o caos ou o equilíbrio interior. Como está a tua vida? Caminha na direcção do auto-conhecimento e da consciência de como podes transformar-te e à tua vida ou permaneces na ilusão de que és uma vítima de tudo o que aconteceu na tua história de vida?


A vítima em nós é que dá sustentação às co-dependências, aos desequilíbrios, às frustrações e aos fracassos emocionais. É essa parte de cada um de nós que nos prende na ilusão de que não temos o poder de sermos e de preenchermos em amor o nosso Ser.


Aos audazes que chegam todos os dias ao compromisso consigo, de mergulhar no seu potencial de fragilização para saberem quem são na verdade do seu Ser, a minha gratidão, porque estão comprometidos consigo e já estão a contribuir para a mudança colectiva.


A missão de cada um de nós é esse compromisso de Amor, de voltarmos a preencher, de forma consciente, no interior de nós, o vazio que nós mesmos criámos. Depois, o propósito criativo para o colectivo irá manifestar-se de forma fluída e sem esforço. Não adianta andarem à procura do propósito de vida, porque ele só será real quando a capacidade interior estiver alinhada com a missão do Amor.


Gratidão a quem lê as palavras deste blog. Cada artigo é feito com todo amor, na esperança de que cada um perceba que não está só neste processo, e para que percebam que podem revelar-se, e que devem mesmo fazer por si, em amor por si, o caminho do coração, de descobrirem quem são.


Com Amor ,


Ana Tavares








 
 
 

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