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Precisamos PARAR de "CORRIGIR" o SOFRIMENTO EMOCIONAL

  • Foto do escritor: Ana Tavares
    Ana Tavares
  • 23 de fev. de 2017
  • 12 min de leitura

A grande maioria de nós é um “fixer”, alguém consegue consertar tudo, encontra solução sempre para qualquer problema dos outros essencialmente.


Somos criados desde praticamente o nascimento a pensar em como consertar e melhorar alguma coisa nas nossas vidas, somos ensinados pelos Pais, familiares, depois na escola pelos professores e amigos, pelas instituições religiosas ou outras, pelos lideres políticos do pais e pela sociedade em geral, a procurar consertar, melhorar e lutar por um ideal seja ele qual for, tudo está fora de nós.


A Alma nasce pura num corpo humano, e em breve começa a ser preenchida por crenças e mais crenças, julgamentos sobre a vida, as pessoas, a sociedade, e em breve somos ensinados a amar os outros, cuidar dos outros, a respeitar os outros, a ensinar os outros, a trabalhar para outros, a alimentar os outros, e aí estamos nós na cadeia do “fixadores” humanos em vez de estarmos a viver uma experiência humana de amor e auto descoberta.


Muito poucos de nós tem a oportunidade de viver a vida como ela é, começamos desde muito cedo a ter uma lente condicionada pela exterior do “isto é bom “ e “ aquilo é mau" , a inter-conetividade e a experiência não é permitida na liberdade e espontaneidade individual de cada um de nós, começamos a ter a rigidez, os condicionamentos seguindo a mecânica da vida que nós foi passada, mas que nunca será realmente a nossa.


E o crescimento segue seu curso evolutivo, e em última análise somos atrofiados na capacidade de viver, sentir e abrir-nos à vida, alguns teremos sido mais ou menos encorajados pela família, mas foi sempre criado um sistema de segurança dentro e fora de nós para impedir essa manifestação espontânea, e sem julgamentos afinal foi o caminho que escolhemos percorrer enquanto Alma.


Todos percorremos a vida a isolar-nos da viver o sofrimento emocional, cada um de nós fará de tudo, mas de tudo mesmo que a sua mente/ego/persona conseguir arquitetar , o seu instinto impelir de mais primitivo para evitar ser magoado.


E qual é a maneira que todos aprendemos a evitar o sofrimento emocional ? Sim porque somos extremamente eficientes a corrigir tudo o que for possível em cada momento, o tal do controlo.


Porque é tão necessário pararmos de fazer essas auto correções emocionais, em nós e quem está nas nossas vidas, porque temos esta busca eterna de uma panaceia emocional -que é como quem diz um remédio para todos os males emocionais ?


Cada um de nós faz o que pode, desdobra-se em partes, tudo para consertar a angústia emocional que sente, e o sofrimento de uma multiplicidade de inúmeras maneiras.


99% das maneiras correção geram auto destruição, sejam as drogas, álcool, alimentos, vícios de qualquer espécie, as compulsões, avareza, mentira, vingança enfim os inúmeros desdobramentos das matrizes humanas que já vimos no artigo de Janeiro, das matrizes do eu inferior.


Tudo isso são forma de evitar, entorpecer a dor/sofrimento, tentamos corrigir um sofrimento emocional de todas as formas que conhecemos e mais grave somos socialmente encorajados e aceites quando o fazemos.


Na última era existe tudo de no desenvolvimento pessoal para ajudar sejam livros, workshops, já para não falar na parafernália de anti depressivos que foram concebidos para contribuir para esse adormecimento geral, enfim pouco são os terapeutas, médico, profissionais que levam o paciente à dor, porque ninguém quer fazer esse trabalho isso é contra tudo o que fomos ensinados a fazer, contra que dizem os livros da moda, os cursos e afins.


Aliás a pessoas que até dão o passo nessa direção mas assim que apresentamos um plano de mergulho na dor, nas feridas emocionais, normalmente ficamos na primeira consulta afinal vai contra tudo que nos foi ensinado.


Cada um de nós deve seguir o caminho que sentir melhor para si em cada momento, mas enquanto não tivermos entendimento e consciência que é preciso mergulhar nessa dor para ela ser realmente liberada, vamos arranjando escapes, tampas e coisas que irão funcionar temporariamente mas nenhuma delas corrige na realidade o sofrimento emocional, nenhuma foi um “fixer” real da causa sofrimento emocional.


Uma coisa que estudar 12 anos na Espiritualidade e Desenvolvimento pessoal me fez perceber foi que todos tentam consertar a nossa dor com ferramentas brilhantes e durante uns tempos elas parecem realmente resultar e os efeitos surtem, mas a vida segue o seu curso e a Alma, essa esta sempre desperta sabe que existem questões que foram adormecidas pela panaceia de coisas novas, mas ela envia novas pessoas, novos desafios com a mesma experiência com a mesma dor, com a mesma mensagem e voltamos a sentir que não temos saída, que estamos encurralados que aquilo que tanto andamos a fugir persegue-nos e que afinal nada parece resultar connosco, voltamos a fragilidade, a sentir-nos desajustados, quebrados, voltamos a culpar os outros.


E muitos andamos assim de terapeuta em terapeuta, professor em professor, curso em curso, medicamento em medicamento, julgando os métodos e a ineficácia das terapias, terapeutas e ensinamentos, dos medicamentos, mas sem nunca questionar o essencial – o interior.


Em Setembro de 2016, na área do trabalho tomei uma decisão, que não pretendo receber mais clientes que não queiram fazer mudanças profundas em si e nas suas vidas, não quero ser um terapeuta que “corrige” os outros porque meus clientes não são um carro a precisar de conserto:


Os meus clientes, os que chegam até mim, apenas não lembram o caminho de ligação à Alma, não foram tal como eu ensinados, não sabem quando mergulhamos a fundo na dor, pode ser muito cansativo, e até exaustivo durante uns tempos mas a libertação quando surge ela é profunda e verdadeira.


E o Universo a vida como quiserem chamar-lhe tem uma forma curiosa de mostrar-nos que o caminho é por ali, a última cliente de 2016 foi uma cliente nova, foi a primeira consulta dela e após uma breve apresentação disse-me que ouvia falar de mim a 5 anos pelo menos, imaginem meu espanto, que sabia das mudanças profundas que provoquei no interior de clientes dela, e que as mudanças foram maravilhosas e efetivas, claro que nunca me tinha acontecido alguém esperar para marcar uma consulta tanto tempo, a maioria das pessoas decidi arriscar. Curiosa perguntei “ mas desculpe a pergunte, porque só decidiu fazer a consulta agora passar de tantos anos ? A resposta foi: "Ana porque finalmente sinto-me pronta para fazer mudanças em mim e na minha vida “.


A verdade é que a maioria de nós procura técnicas diferentes que corrijam de forma perfeita os nossos problemas, nossas preocupações, os sofrimentos, as mágoas, as culpas, esta busca leva-nos muitas vezes a sítios errados, a pessoas errados ou não porque tudo é aprendizagem, mas o que sei é que é um círculo, sim uma roda que pode levar uma vida ou várias, em muitos cria uma espécie de vicio espiritual até que é tão subtil mas tão subtil que apenas gera mais sofrimento.


Percorremos um longo caminho e quanto mais percorremos mais tentamos consertar o nosso sofrimento emocional, dos nossos filhos, marido/esposa, amigos, colegas enfim tentamos consertar e mais a nossa angústia e vazio se adensa, aprofunda e aumenta. Que ironia, e eu percorri esses caminhos não nesta vida apenas, mas muitas e muitas assim como todos nós.


O próprio acto de correção do nosso sofrimento emocional e de corrigir a nossa dor só potencia tudo, a resistência instala-se, quanto mais resistimos mais o sofrimento persiste e os desafios tomam proporções que não são reais.


Quanto mais pensamos “ eu não devia sentir-me assim preciso mudar isto”, mais o desespero adensa a nossa vida, e quanto mais desesperados menos clareza, quanto mais procuramos uma solução, mais o problema potencia e tal como um ratinho na roda em breve, não conseguimos sair do mesmo sitio e do foco do sofrimento, sentimo-nos quebrados e sem saída.


E como é que podemos saber quando estes ciclos emergem?


As vezes dizemos expressões como “tenho meu coração a sangrar”, “tenho uma dor no peito parece que vou explodir” e a única forma conhecida por acabar com o ciclo de dor, o vicio do sofrimento e o desejo de consertar as emoções, é parar em auto- observação das nossas emoções, com alguma sorte iremos cruzar-nos com pessoas que nos ajudam nesse processo não como fuga, mas como seres amorosos e consciente de apoio ao processo, pessoas que já estiveram lá nessa dor/sofrimento mergulharam forma profunda e renasceram e temos cada vez mais casos reais.


Mas não se iludam e deixo alerta, quando for a um terapeuta/profissional observe eles começam por mostrar-lhe as suas fragilidades, compartimentar, fazem as pessoas sentirem-se ainda mais desajustadas, quebradas, depois fingindo que as estão a consertar elevam-nos ego, afagam-nos nas carências e quando dermos por isso estamos envolvidos pelos verdadeiros adictos de vicio espiritual, como um drogado da sua droga, acham que estão a consertar os outros sem olhar para si mesmos, si porque não tem tempo para parar e fazer processos, retiros, cursos o que seja, eles querem é consertar o outro isso fá-los sentirem-se superiores, entorpecer e camuflar a dor deles, mais gera lucros que geram satisfações momentâneas, podem controlar pessoas e temos um ciclo em que aqui não há culpados porque ambos escolhem dançar esse jogo.


É preciso muita coragem, mas mesmo muito para mergulhar na dor, é preciso coragem de ir à “criança interior” com olhos de ver e sentir, observar e sentir as dores que vão por lá, é preciso observar, estar atento, dar-lhes voz dentro de nós, escutar, honrar e deixá-las no seu tempo serem liberadas em nós e de nós, aprendendo da mesma maneira que aprendemos a cuidar dos outros e a consertar a amar esse eu, esse eu que é único, que nasce e morre com cada um de nós.


A ansiedade não está fora de nós, ela tem uma mensagem. A angústia está angustiada connosco mesmo, o ódio é sobre si mesmo/a, a solidão é a falta de tempo de estar consigo mesma/o. E a alma é a única coisa que pode verdadeiramente libertar-nos do sofrimento emocional, a porta a abrir é o coração para todas essas emoções incondicionalmente com a mesma disponibilidade que afirmamos amar os outros.


Todo o sofrimento tem seu descanso no coração.


Toda a sensação perturbadora que ocorre dentro de nós e nas nossas vidas quanto mais depressa for acolhida, observada tal como se apresenta em cada momento, e não como gostaríamos que fosse, ou como desejaríamos muda-la, mas rápido será integrada e liberada.


Ninguém ensinou a minha e a tua , nem a vossa criança, que todas as emoções devem ser atendidas, porque contém mensagens importantes, mas o adulto que somos hoje tem essa capacidade e pode ser desenvolvida a cada dia, com atenção plena, cada emoção deve ser sentida com compaixão e permitida a sua passagem segura pelo coração sem atributos de bom ou mau, boa ou ruim, positiva ou negativa, porque somos todas as partes quando nos disseram que não era apenas algumas.


O Amor é a energia do coração e é a porta através da qual as nossas emoções mais dolorosas podem passar, se tivesse dúvidas os últimos dias ao ter tido a honra de “observar” o processo de uma amiga, as dúvidas que tinha dissiparam-se, porque só o amor, a unificação do ser pode realmente transmutar tamanho sofrimento emocional, e ainda que ela neste momento não tenha já essa consciente total e o processo esteja a decorrer, tudo o que observo é amor, e só alguém nessa vibração do coração, consciente e auto-observação plena e consciente, podia despir-se da sua persona, transpondo-se nesse amor permitindo-se mostrar a sua fragilidade, mas com uma força amorosa que gostaria mesmo muito que muitos pudessem vislumbrar, ter a honra de ver e sentir, porque o que observei nesta semana foi o mergulho cósmico de alguém no seu sofrimento, na linha de tempo na forma mais pura do plano divino da sua alma e digo-vos nunca vi mergulho cósmico mais belo, corajoso e com tanta consciência.


Digamos que ouvia nos ensinamentos com o Sri Mooji e Sri Prem Baba, mas desta vez tive uma Alma que me convidou a participar do seu processo de forma consciente, convidou-me a ver seu mergulho cósmico na sua matriz de dor/sofrimento e eu quando achava que já conhecia os sofrimentos todos, a minha Alma mostrou-me claramente que não, e que o caminho era sem dúvida aquele o do coração, que só pode ser feito com muito amor, e que tudo que podemos desta perspectiva que estou é ser um suporte de amor, colo, palavras que tragam equilíbrio em cada momento, mas acima de tudo amor, e é no amor próprio de si mesma e da sua Alma, que ela está a transformar-se.


E no entanto temos 99% da população numa base diária a corrigir emoções dolorosas, a espera que elas passem, a mantê-las encalhadas no corpo físico em algum parte ou partes, de cada vez que experienciamos uma emoção que consideramos incorreta, dor e/ou sofrimento sustentamos em nós afirmações como :“ eu não sou bom suficiente”, “eu não sou capaz” , “ eu não gosto de mim “ , “ Ninguém gosta de mim “, “quero livrar-me de ... “ quando nos sentimos “lixo” e incapazes de consertar as emoções, que mensagem estamos a enviar a nós mesmos e ao nosso coração ?


A nossa angústia emocional, o vazio de alma como eu chamo anseia pelo amor, amor verdadeiro e incondicional, mas lamento informar só existe uma pessoa no mundo interior que pode realmente fazê-lo a 100% é amor próprio, o tal do self love, claro que é bom ter outras pessoas que nos amem, nos apoiem mas a 100% só existe alguém que nasceu com a competência para o fazer de forma integral o eu mesma/o, o eu interior como quiserem chamar.


E quanto maior o vazio/angústia e anseio pelo amor, maior será a necessidade de conforto exterior seja através de relações, comida, vícios, enfim cada um encontrará o escape mais indicado para si para 90% da população é o trabalho, os workaolic.


Quer cuidar dessa angústia/dor/vazio/ sofrimento emocional dentro de si existe a mãe, o pai, a curador/a, o amigo/a, dentro de cada um de nós existe todos essas capacidades, de dar a uma criança o que precisa. E a sua precisa de amor, cuidados, atenção, observação é preciso estar pronto acolher essas partes, mergulhar nessas partes, para com muita compaixão abrir o caminho a sentirmo-nos inteiros e o coração é porta de entrada e saída, por isso os escritos dizem que o amor é principio, meio e o fim de tudo o que existe e sim nesse processo será liberada essa dor que parece maior que nós.


O coração tem uma inteligência própria, já está provado por imensos estudos e Institutos Cientificos, a inteligência do coração sabe como superar os medos, temos é de estar prontos a seguir esse amor e essa inteligência própria, o amor não tem medo das emoções mais escuras e mais fracas, somos nós que temos, a mente a persona/ego.


O amor e o coração acolhem, abraçam, transformam ,curam e integram e se tinha algumas dúvidas, a honra de assistir ao processo individual desta companheira de viagem e alma, que foi e está a ser uma mestra mostrando-me o caminho na prática, sim porque a teoria já todos temos, ou a maioria, ela abriu-me a porta de prática, convidou-me a entrar, a sentir, a viajar no banco do pendura e a perceber como isso é possível a todos e não é mais uma ilusão new age, dos livros, ou algum inatingível, ou mais uma ferramenta que corrige, ainda que não lhe tenha dito, depois de ler estar artigo, já sabe, a mestria está em todos os momentos aqueles que queiram estar presentes e fazerem presentes de coração. A ti minha Amada Amiga, Alma Companheira gratidão e amor.


Todos falam de Amor, mas poucos praticamos o amor, o amor que cura, este amor que falo aqui nada tem de condicional, não espera nada , nem quer nada das nossas emoções, tudo que deseja é poder expressar-se em abundância, fluidez que transborda de empatia, bondade e benevolência, seu desejo é mostrar o amor.


E passamos a vida a ser ensinados a ser tudo isso com outros e como isso é egoísmo quando praticando com nós próprios, e na realidade essa é apenas mais uma forma de controlo sobre eu, o nós e todos do demais. Ora posso ser empática/o com todos, sentir as suas dores, ser compreensiva, compassiva, amorosa, estar ou fazer-me presente, mas quando chega a hora de estar comigo na mesma posição estou em fuga, parece-vos correto ?


Mas para estar, ser e mostrar esse amor, é preciso confiar na sabedoria do coração, é preciso estar disposta/o a abrir, sentir a dor que tentamos desesperadamente concertar, e quando o fazemos só então esse amor pode emergir como pai, mãe, filho/a, amigo/a e integrando todas as partes dentro de si e o ser todos esses aspectos em si, poderá sentir-se inteira/o pela primeira vez em vidas.


O amor que falo não é um cliché de livros, filmes, não o amor que falo aqui, aquele que observei nos últimos dias é aceitação implacável do momento presente, passado e até futuro que decorrem ao mesmo tempo, da dor que surge no interior ou nos espelhos exteriores, é um verocidade de uma abertura cósmica sem tempo e espaço, é uma dor que emerge mas que ao mesmo tempo o coração diz “sente não tenhas medo, estou aqui contigo, enraiza” e essa dor leva ao acolhimento interno, ao fogo interno do seu ser, de uma mãe que acabou de dar a luz ao seu próprio renascimento cósmico, como um filho recém nascido que acabou nascer não de si, mas para si, esse amor vem e cura a dor, as palavras e com uma inabalável devoção acolhe todas as partes unidas em um ser, dando-se a unificação.


E chegará o momento em que tudo o que lateja no peito, na alma, no corpo é o momento em que a porta da libertação da dor se deu e o amor expandiu e passou apenas a Ser.


Escrevo este artigo com uma profunda gratidão em meu coração, com uma sensação que nem eu mesma posso descrever em palavras, grata a quem teve a coragem de o ler até ao fim, grata a minhas colegas que confiam em mim nas partilhas, e a minha amiga pela porta ao renascimento cósmico que abriu para mim.


Com Amor,


Ana Tavares

 
 
 

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